Vazio

É como se a alma rompesse o meu peito
querendo sair abrindo-o bem com as suas mãos ásperas.
É do corpo que ela quer sair
é este invólucro que lhe pesa e aprisiona
e ela grita
ela grita para sair
ela grita para fugir
abrindo cada vez mais
e mais o meu peito
até que foge.
Quando não se trata bem a única coisa que temos pura
resta apenas vida sem cor
um morto vivo que nada sente
apenas frio
num corpo que morre
em cada passo sem sentido
sem rumo
sem coração
vazio

Dilema I - Se o sinto.

As vezes no silêncio da noite
oiço a vida o seu pulsar
turbilhões de memórias
um sítio que queria estar
Abraço o ar que me consome
viro o tempo que há-de chegar
Sinto-o triste, sinto-o triste
nas lágrimas do seu olhar
No amarelo da lua cheia
manipulo as estrelas do infinito
Nuvens telas de aguarelas
abraço o céu a luz a chegar
Um fim sucinto
Se o sinto
Se o sinto

Dilema II - Sangue

Move,move,move
Rema em sangue
rema maldito
magia negra o meu sol está preso
a alma fervente que o inferno é quente e o final…
está morto
preso num cadáver erudito
manipulado pelos dedos do ódio
sangue, sangue
o meu corpo quer sangue
Aliviem-me o desejo que o que quero
é sangue.