Louco,raiva e dor

Louco, oh louco
que me trespassas no peito
a lamina lambida pelos cães
eu que de peito aberto
e de punho cerrado te chamei
sem medo sem receio algum
de enfrentar tamanhas mentiras
tamanho egoísmo e hipocrisia
Oh louco raivoso
quem julgas que és quem julgas
tu que me entornaste de sangue
o teu sangue o meu suor a minha dor
a tua raiva confusa
a tua raiva confunde
tu...
que me matas outra vez

Fêmea diabo

Tu és tipo uma febre
que me arrefece e alucina
as tuas pernas são duas colunas
que suportam todo o meu desejo
não mostres mais
que estragas tanto
o teu amor é o meu ciúme
é o febril sexo em longas maratonas

Quem és tu
não sei
saliva ardente
o teu cheiro perfumado
Quem és tu
já sei
fêmea diabo
com o seu corpo endiabrado

Já te matei com gasolina
já te atirei de um precipício
mas é um sonho que persiste
é o amor o ódio e a loucura
por muito que te queira fora da cabeça
existe um mal que sabe tão bem
é um sadismo que tem que ser devorado
uma perdição o teu corpo enfeitiçado

Quem és tu
não sei
saliva ardente
o teu cheiro perfumado
Quem és tu
já sei
fêmea diabo
com o seu corpo endiabrado

Não sim
dá-me forte dá-me fundo dá-me mais
não sim
desejo ardente no teu corpo endiabrado

Silêncio

E eis que me afundo em aguas profundas
de braços estendidos tentando agarrar o sol
mais fundo mais longe
mais perto do profundo
caindo devagar em movimento circular
já não vejo luz
silêncio

A verdadeira derrota

Ganhaste maldito ganhaste
ganhaste por cada dia que passa
por cada vez que me olho ao espelho e nao sou eu
cada dia uma diferença cada dia diferente
Nao sou eu,ja nao sou quem fui.
Ganhaste,sempre foste ganhando
cada dia cada noite cada vez mais frio
cada vez mais deprimente,cada vez mais
cada ruga cada cabelo perdido um historia
ou sem historia pois as vezes nao há
simplesmente mudança simplesmente diferente
Continuas a ganhar e o teu destino
ganhas em cada dor que sinto
em cada ferida reaberta em cada tremor
é o teu destino e tenho pena de ti
de mim nao tanto pois em breve entrarei em demencia
e nao me lembrarei do meu fim.

O templo que o tempo tem

Já la vai algum tempo
que o mascarado tempo
e já não era sem tempo
que o tempo mudasse o tempo
pois dentro daquele templo
o tempo mastiga o tempo
pois o tempo sempre muda o tempo
que avança sem tempo
molhado pelo tempo
que pouco ou muito tempo tem
dentro daquele templo que o tempo tem
não há tempo
nem para amar alguém

Assim me venho

E assim me venho
me venho em lágrimas
que me lavam os olhos
sujos de poeira sujos de mágoa
E assim me venho
me venho por ti
soltando soluços em abraços fugidios
sentido o aperto
um ultimo beijo.
Assim me venho
me vejo tombado
largado abusado na lama deitado
rindo enervado para a tristeza partir
Assim me venho
sozinho sem ti.

Rebenta a luz

Cada estrela de cada terra
cada sulco escondido no mar
rebenta-se a luz,queima-se
a pele rubra suada em paz.
Cada rasgo um buraco no céu
cada livro em cinza transformado
desvanecem se em palavras escritas em sangue
por dedos mortais vivos para sempre
Cada nome de cada coisa
cada sopro vento da vida
a alma trouxesse sem roupa despida
a calma e a paz de nada saber.

Caro Data Vermibus

Agua vem
agua leva
quem a tem
ninguém
grita grita grita aaah

solta o ar
luta mais
náusea ardente
abunda merda
torcido decomposto amargo podre

lava o chão
limpa o sangue
enterra atira
terra verme
morto fedorento não és nada ,lixo

ratazana faminta
come a carne
da tua casa
quem te pariu
tenho fome

Aurora

Aurora era uma moça abastada
e bastante prendada muito dada ao prazer
opulenta, vistosa e sempre airosa
mostrava-se atrevida quando por mim passava
endireitava as costas fazendo saltar a vista
seus seios firmes desejosos de serem lambidos
agarrados com firmeza,talvez com um pouco de rudeza.
Passava e olhava de baixo para cima com um olhar desprezível
mas cheio de desejo enquanto seus dedos se enrolavam numa madeixa de cabelo
que andava sempre solto a frente da sua testa
tapando aquele olho que piscava felino.

Certo dia esperei por ela
esperei e esperei desejoso de ver aquela silhueta a passar
de ver aquelas carnes enroladas no seu decote
sentir o calor a subir o suor a olhar
mas ela não apareceu...
Nem ao longe a vi.

És mentira

Travo inspiro expiro cansa
sinto a vida a fugir
não há pressa a morte dança
em turbilhões a zumbir
tusso engulo o cuspo sangra
uma caricia ao luar
não há pressa o Deus manda
sucumbir e chorar,chorar

Mas quando abro os olhos
sinto um estalo do céu
jaz deitado ao meu lado
o meu corpo ao pé do teu

Se a mentira tivesse corpo
seria o teu nessa cruz
desonesta a verdade
injusta traição

Se um dia...

Amor,
se algum dia me deixares
cobrirei o meu corpo com um manto negro
mas de um negro tão pesado e profundo...triste.
Seria um pedaço de carvão,frio e sujo
sozinho não seria nada nem ninguém
e teria apenas pó no lugar do coração.
Se algum dia me deixares
não irei querer mais ninguém,
e difícil amar alguém apenas por necessidade
o amor verdadeiro e livre só acontece uma vez na vida.

Perturbação

Grito vem que grito grita
Que voz me atormenta
Não há calma som vazio
E nem o cordel já me sustenta

Voz no fundo voz que chama
Troca o sangue pela alma
Campa quente a pedra é fria
Corta a vida que a morte e certa

Juras juras tens dom na palavra
Aconchegas serenamente os sentidos
Das me mão dura e comprida
a gangrena na tua voz
fecha me os olhos,não quero sonhar

Lava

Gritos estridentes formam tornados de fogo
Tudo arde, tudo morre, o caminho escondido agora aparece
Onde vai, que calor, estou a arder, não consigo suportar
O meu corpo molhado reluz, encandeia a luz
e queima-se por dentro, de dentro para fora em explosões solares
Tudo morre, o caminho escondido agora aparece
Um rio de lava onde me banho e me transformo em cinza
transporta me para o mar mas eu não quero, não, não quero
Não quero deixar de sentir este calor a queimar a minha pele
quero sentir as minhas entranhas a dilatar, quero a dor quero isto
quero ser engolido por este inferno por este caos
E desespero, para renascer mais forte e novo, eu sei o que quero.

Assim será

Tanta gente atrás de mim,
porque choram?
Pai, mãe, mana, que há tanto não vos vejo,
porque choram?
Em passo lento, em gritos apagados pelas lágrimas
soluços e canções no fundo da multidão,
porque choram?
Abraço a família, amigos e amores mas não sentem
porque choram?

Encaminho-me para o destino destinado a mim
a pedra é tão bonita negra onde o meu nome gravado
revela o inicio do fim ou o fim deste inicio.
Um beijo na testa já molhada pelas lágrimas
reluz e reflecte caras sofridas e tristes das minhas gentes.
E o meu corpo abala…este buraco foi feito para mim.

Uma pá cheia de terra
Pá cheia desliza vazia
Flores ao ar na campa caem
A luz finda a madeira estala
O peso é muito e o ar desvanece.

Ao Avesso

Hoje amanheceu ao contrário
ao avesso, onde o dia era noite
e a meia-noite o sol mentia
á lua do meio-dia que lavava a cara
enquanto o sol, esse sem luz dormia

Hoje, quando abri a janela
não havia por do sol, não
no seu espaço a lua luzia
e pesada flutuante la estava
onde o sol outrora estaria

Hoje, os ponteiros do tempo recuaram
o presente encarou nos olhos o passado
e fundiram-se criando um espelho
o relógio, sem mais espaço para andar parou
Silencio, penumbra, e frio

O Outro

Abre mais fundo em tristezas e feridas abertas
Cava arduamente em paralelos de granito
A cova já vai funda e é escura, não tem fundo
Comete a ousadia de lá entrares e respirar
Sente como é fria, sente o cheiro a metano
Embriaga te com a lenta decomposição da mágoa
Quem és tu que ousas sem olhar para trás
Quem és tu ser comum e mortal
Abre, abre cada vez mais fundo que encontras o troço
Não deixes que a areia húmida tape o buraco
São os pingos do teu suor que a derrubam
São as lágrimas da pele fustigada, rubra, sofrida e suja
Como te atreves, cava, cava cada vez mais fundo
E sucumbe a verdade, que nada encontrarás.

Desceu o pano.

Ahh,desisto
Desisto disto, não quero mais terra nem céu para me limitar
Desprendo me das nuvens e das chuvas molhadas que me pesam na roupa.
Desisto, podem ir fumar, beber, snifar droga, foder, vão vão, que eu fico.
Fico aqui sentado na minha cadeira a olhar para os dedos estalando-os um a um
Satisfeito?Não,aliviado,talvez.
Acabou se a sessão, o pano desceu,um,dois,três.
Espero que tenham gostado, boa noite, bom dia, enfim…adeus.

Animor

Vêm até mim meu amor, tentação
Senta-te ao meu colo e engole o meu desejo
Ofusca me com o teu brilho, luz crepuscular
Faz-me vir em ti e regar-te a pele suada de mim
Cansa-me, lambe-me, arrepia-me meu amor

Bate-me, arranha-me com o teu ódio
Entrega-te ao prazer, ao nosso prazer
Grita o meu nome, em nomes te vens
Enlouquece-me, põe-me doído a grunhir
Abraça-me beija-me, amor que bom

Equilibrium

Entre dois extremos existe uma ponte
Uma ponte frágil de madeira roída pelo bicho
Uma ponte que balança ao sabor do vento
Uma ponte vedada, pois é bom que o esteja

Entre dois extremos existe uma ravina
Uma ravina funda sem fim escura
Uma ravina onde passa um rio que se ouve
Uma ravina que esconde desgraça e morte

Eu sei, eu vou lá constantemente e consigo atravessar
Vou pelo ar quando estou bêbado do vinho
Desço pela ravina quando sou levado pelo ódio
Mato tudo e todos pois sou morte e desgraça
Sou a tragédia, sou a boca que mastiga o medo
Vomito e cuspo vezes sem fim a alegria
Deixo sempre o meu rasto para os chacais
Sou um morto vivo sedento de sangue.

Eu sei, eu vou lá constantemente e consigo atravessar
Vou pela ponte pois sou leve como a paixão
O vento não sopra não me desequilibra
Vejo com os meus olhos lavados o caminho a seguir
E mesmo se for pela ravina cravejada de sangue
Desço sem medo e de peito bem aberto cheio de amor
Nada me toca nada me odeia sou felicidade e consciência
Não paro, sou paz e tranquilidade e vou semeando equilíbrio.

Nem vi

Olhei para o fundo do túnel
não te vi a acenar, a dizer adeus
nem sequer cheguei a sentir o teu abraço
frio fugidio sem qualquer sentimento
Tudo morreu em ti, em mim, em nós
Entramos e sai-mos tão rápido
o tempo nem passou, morreu ali
e aqui fiquei longe de ti
o erro não vi, bateu, voou
Olhei para o fundo de mim
nada vi, nada, nem o amor, nada
só eco vazio inércia
enfim, não sei, foi rápido nem vi
O certo é que nem um beijo me deste

Cruel

Numa rua fria e húmida, uma mulher passa coxa, a correr
Olha para trás assustada, alguém a persegue alguém a assusta
Ai vem em passos calmos perseguindo de uma forma medonha
Passo a passo ao sabor da chuva mascarado pela escuridão

Quase sem respirar a mulher cai ofegante enrolando-se nas poças
Sujando o seu vestido verde-esmeralda de lama descosendo fino linho
Arrasta-se tremendo agarrando-se já sem força a cada paralelo molhado
Como se fosse uma escada como se fossem degraus, mas ela não sobe, desce
Cada vez mais fundo cada vez mais para o desespero que lhe tomava conta do rosto
Molhado e enrugado pelo esforço da sua expressão.

Ao som de unha partida, um pé pisa-lhe a cabeça
Um grito, um não que se solta entre os lábios mordidos
Seus olhos findam, a faca rasga-lhe as costas e seu sangue escorre
Escorre pela sarjeta alimentado o submundo.

Dor dor dor

Dor dor dor
dor que desatina
um sino que afina
pedaço de terra seca
longa etapa sem fim

Dor dor dor
algures existe água
sozinha virgem mágoa
tela negra sem sentido
chora chora que isso passa

Rascunhos III (Eles)

Conjunturas sobre estruturas tortas
alicerces sem fundação nem fundamento
as bocas falam e cospem areia para os olhos
os nossos, que fechamos pois não queremos saber.
Utopia imagética, um exercício mental, um escape uma desculpa.
Não há mais que um ideal, haveria de haver mais?
Um conjunto de ideias e desejos, algo real mas sem força
nem tudo o que se quer o é, pois não é não.
Olhos nos olhos eles lá mentem com todos os dentes
a nós os burros, cada vez mais irracionais, nós.

Rascunhos II(Um dia assim será)

Hoje a cobra enrolou-se, olhando para as nuvens negras que pairavam sobre aquele teatro assolador. Golpes de espada cintilavam os céus batendo forte contra os escudos amolgados manchados de sangue e saliva, medo.
A chuva começou a cair lavando os corpos empilhados e os membros espalhados que pintavam o chão um pouco por todo lado, buracos crateras vermelhas e castanho claro.
A cobra por lá andava, movendo-se rapidamente mostrando a sua língua sibilante bifurcada alimentando-se dos odores do terror da putrefacção, podridão, agonia a morte aqui veio depressa, sem aviso sobre os homens sedentos de poder. Agora toda a carne todo o excremento é devorado pelos abutres e chacais que se lambuzam com o repasto deixado pelos deuses.
Aqui e ali pequenas chamas se erguem como se o inferno subisse a terra e fosse brotando das catacumbas em ebulição de lava e sangue. A cobra ainda ouve os gritos de desespero dos homens, mas assim o quiseram e agora…é tarde demais.

Rascunhos I(Uma Lembrança)

Está escuro e frio nesta sala,
num canto uma criança chora perdida, só
de cabeça tombada para frente entre os joelhos soluça
suas lágrimas correm cintilantes gotejando no soalho velho, gasto
Está escuro nesta sala
o cheiro a humidade é intenso e amargo, apertada e suja
por isso o menino chora, chora pois quem chora alivia a alma
Ontem, hoje e amanha
as tuas lágrimas lavarão as paredes sujas e o mundo
deixa lá, não te preocupes e solta a tua inocência, o teu coração
deixa-a transparecer deixa-a voar pelo ar pelas nuvens
Chora miúdo chora, lava a cara suja da lama impura
rebenta a porta do preconceito
E deixa voar a tua mente

A esperança de um homem

Quantas mais lanças irão atravessar o meu peito
quanto mais sangue deixarei escorrer do meu corpo
Não vale a pena verter lágrimas de tristeza, não vale
vale sim olhar para o vale solarengo para o horizonte
olhar com esperança e vontade de a agarrar firmemente
Não vale a pena cair de joelhos no chão sem vontade
tudo se resolve, o tempo cuidara disso e de mais cuidará
O sufoco não tarda em partir, partirá de bolso vazio sem nada
há que erguer a cabeça e olhar em frente, eu estou bem
A vida tem tanta coisa boa apesar dos obstáculos e caminhos íngremes
mas são estas dificuldades os sal da vida, o açúcar do crer do estar presente
Há que subir as escadas velhas que rangem com muita prudência
mas hei de lá chegar, saber esperar é uma virtude agarra-a com força
não a deixes escapar.

Tulipas

Murcha, pinga orvalho, murcha
Máquina enferrujada cose pano e pano
Calçada mal colocada tropeça na peça
Corre João corre-corre João
Ferrolho aberto uma porta fechada
Maldisposta a trindade assalta o homem
Virtude, vida, orla do mar.
Agora que teimam todos sair ao mesmo tempo
Vão se espezinhando de peito aberto costas no chão
Berra mulher berra que ele caiu a água, fogo labaredas de medo
Choro grito levo as mãos a cara, lavo as mãos na cara, lavo a cara nas mãos
O barco não chega afundou-se nada João nada nada João não é nada
Mulheres na areia abusadas, sangrentas as cestas sem peixe
Pedaços do homem, pedaços, pedaços

Um vida na teia

Teia de aranha peganhenta agarrada por um fio
fio esse que finda e finta pois afunila faminta fé
torso arrancado despojado enrolado em cinza
de um pé acesso derretido, derretendo, eu.

Vem a fome que fomenta aguaceiro pesado
triste a palma da mão enxovalhada, rugosa
duro e doravante sólido compacto crer
voa alto a mosca tosca que cega zumbindo

Palavras que espalham com o pó seco
tosse convulsa confusa otite rota
em falange vem a centúria de espadas
caindo nas paredes manchas sem nexo

Mendigo mendiga por fome desgarrada vontade
descarrega emoções que voam aos encontrões
a aranha vem sedenta mendigando o pão
enquanto defeca e alimenta os seus parasitas.

Apenas é tudo

Serei uma célula do espaço
uma partícula de pó que cega
Serei dedo de Deus sozinho no escuro
em queda livre, em silvas me corto

Serei dia que acorda tapado
uma estrela que explode e encandeia
Serei uma canção de poeta tão bem inacabada
ou um copo de absinto rachado, vertendo

Serei a chuva que limpa a pele morta
Serei um caco de um cacto que viveu outrora
Serei um pedaço de glória mumificada
ou um rasgo de historia passada

Serei tudo de tudo que foi inventado
sangue que escorre seiva da vida
Serei a inchada que decapita a escrita
uma tremedura desgraçada um ardor de uma vida

Quadro

O vento sopra entre folhagens secas de Outono
seu ruído assusta as aves que dormindo empoleiradas
nas ramagens secas de uma oliveira moribunda
fogem em bandos disformes, sem brio, nem direcção certa.
Sopra, sopra o vento forte afastando secos fetos vermelhos
e as copas dos pinheiros tão altas que beijam o céu.
Ouvem-se passos arrastados
Quebra-se o silêncio
Um tiro ecoa, alguém foi morto, alguém deixou em terra a sua vida
voando agora em círculos com o vento frio que corta, entristece.
Loucura, ou a apoteose de uma vida que finda.

A Demanda

Verga a mola que te sustenta
amolga e corta que a mola é forte
Salta salta de azar sem sorte
Entorta a mola que te contenta
Viril, sonhaste com a tômbola da morte
satisfeito, derretido, a morte é sagaz
Agora roda gira a mola torta
foco sem luz aço quebrado frio
O sentido não faz sentido
se não o souberes encaminhar
porem tu velho louco despido
caminhas ainda para te encontrar.

Áurea

Roucas tresmalhadas palavras que queimam a garganta
e dão alimento a língua, molhada, sedenta de ti
Soltas, vibram fugidias, setas aguçadas que me tocam
e fazem arder a tua alma, quando chegas ate mim
Profundo desejo, energia pura, luz, calor eterno
O toque da pele, o nosso agarrar, é um suave alívio
que quando o beijo toca no sentimento, ai há medo
mas os olhos brilham e reflectem vida, numa áurea
que com paixão agarramos e soltamos, brincando
soprando-a com um leve suspiro, uma brisa que te abraça.

Ruídos

Silêncio, silêncio
Que barulho é este a minha volta
Cada esquina, cada buraco, cada pedaço de ar
está repleto de histórias mal contadas
tanta ignorância e falta de tacto
Silêncio, já disse
Ruído, mentiras, vozes, sussurros secretos
que desilusão tantas bocas repletas de merda
de quem nunca me estendeu a mão.
Inveja, ciúme, ou simples curiosidade?
Não sei, mas também não quero saber.
Silêncio, calem-se já disse

Todos os dias...

Todos os dias desde que te conheci
Que a barragem que criei para guardar os meus sentimentos
é violada, furada, quebrada pedra a pedra, lentamente
deixando escorrer a agua em grandes cataratas cheias de força
que fluem por campos secos dos meus receios.
Todos os dias desde que te conheci
que nascem novos pastos de felicidade
enquanto eu, como se fosse uma formiga
vou agarrando nos tijolos que vão caindo
E tento erigir novamente a barreira que eu próprio criei
o esforço é inútil, é em vão, eles caem na mesma
tal é a força presa e o desejo guardado.
Que se lixe, a agua que caia, os sentimentos que voem
que nasçam árvores e que se criem verdes campos
Não tenho medo, não posso ter.
Se a agua secar, um dia choverá, e tudo recomeçará novamente…que se lixe.

B.P

Todos os dias penso no momento em que te vi descer as escadas
para vires ter comigo,nem acreditei que estavas ali
Não me sai da cabeça a noite maravilhosa em que dançamos
agarrados, quentes, em ebulição, a ferver, sei lá.

Agradeço o momento em que apareceste a frente
e me começaste condimentar a vida,
que á muito estava sem sabor.
Obrigado pela luta que me dás
pelo fogo que me ateias
pelos abraços fortes
pelos beijos molhados
pelo desejo que libertas-te em mim
Obrigado pelas palavras
Pelo olhar profundo de interesse
Pelo sorriso, pela tua beleza
Mas agradeço acima de tudo
Por me fazeres sentir um miúdo
Fazes me sentir bem
Liberto

Recordações De Uma Alma Negra

Oh meu Deus o que é isto?
Que escuridão é esta que me engole o corpo
e me retira os sentidos agora sem sentido
O que é isto? Que estranha e pesada sensação
a de olhar a minha volta e ver tudo morto.
O que dizes, o que falas, não te ouço
Sinto desespero, angústia
Não percebo, não percebo
Acordo e caminho sonâmbulo pela casa
procuro algo mas não sei o quê
Que visão distorcida
Quero chorar e não consigo
O meu corpo está compulsivo
tem vida própria quer andar
Mas para onde?
Para onde me levas carcaça fedorenta
Não quero que vás, onde vais?
Maldita, queres a minha morte
Mas a minha mente não deixa
Ainda há consciência
Mas custa, cada vez mais
e como custa.
Se pensar bem,não custa nada.

Luzia

Luzia no teu olhar
o espelho da tua alma
um encontro insatisfeito
uma prece contida por respeito
algo novo, feliz sem fim
tudo isto no teu olhar
Tudo isto vejo, e sinto que sim
mesmo quando tu dizes que não
e arrastas o sentimento pelo chão
como se limpasses a agua do teu olhar

Rimas

Rimas com o dia
Rimas com o sol que a lua despia
Rimas com todas as palavras fortes
que se espalham pela pele e me abraçam de folia
Rimas nas asas de um condor
que voa ao sabor do vento
Rimas com a luz, o fogo e a brisa
Rimas com tudo o que desliza
Rimas no coração de um poeta
que faz da sua escrita linha recta
Rimas com a areia que é o tempo
Rimas com tudo o que é perfeito
E tão perfeito que é.

Luvox

Hoje para experimentar tomei seis e empurrei-os com uma garrafa de Grant’s que tinha aqui em casa.Apeteceu-me vomitar, não por causa dos comprimidos mas por causa do whisky, bebi um copo cheio desta merda, odeio Grant’s. O efeito dos comprimidos, foi porreiro, não me senti mal, muito pelo contrário tiveram quase o efeito que desejava, sonolência, tontura e alguma boa disposição já que olhava em meu redor e via tudo distorcido o meu cão parecia uma girafa, ri-me que nem um perdido, depois adormeci no chão da casa de banho. Quando acordei vomitei uma pasta branca com um cheiro horrível, espero que não se repita. Amanhã, tomarei vinte destes pequenos comprimidos brancos, estou certo que chegarei ao céu cheio de humor e não sentirei nada quando partir. Só espero não acordar numa maca cheio de dores de estômago, vou rezar para que não. Adeus.

Luvox II

As dores de estômago são contínuas
parecem agulhas que me trespassam
são relâmpagos que me encolhem o corpo
E o sangue borbulha fervilha e espirra
pelo chão onde escorrego e caio
A minha cabeça anda a roda
Surgem fotografias da minha vida
Tão traquina que era, tão estúpido que sou
Fotos de mulheres que tratei mal
Animal despido de sentimento, homem cru
Flash de uma vida sem sentido
carregada de caminhos sem fim
Vejo a família que renego
orgulho, comodismo ou simplesmente nada
Nada nado em marés vivas
O sangue cai me em bolsas escuras
fios sem fim que finam em derrames
Reviro os olhos ate olhar para mim próprio
quem sou, quem és
Existência amarga, solidão sem perdão
Descuidado, descrente, desacreditado
Já não me conheço, amnésia em voz alta
olha para mim de cima
Formiga sem buraco
Caracol sem casa
Pano
Mordaça

Já te disse

Já te disse
que quando olho para ti
apetece-me lamber-te toda,todinha
e enrolar-te num casulo de prazer
percorrer com a língua
cada centímetro da tua pele perfumada
explorar cada orifício ,cada segredo
Já te disse
Que quando olhas para mim
com esse ar felino
da me vontade de te morder de te trincar
mordiscar as tuas orelhas,os teus mamilos
devorar cada pedaço de carne crua,suada
ouvir a tua respiração ofegante
sentir o desejo nas palavras
Apetece-me...Já te disse?

Mergulhado

As minhas pálpebras fecham se cansadas
Ilusão, transformação de um indivíduo
Raiar na escuridão tosca de sentidos
Presumir, que uma infame saída se abre
Resguardar me de uma bala
Que passa a assobiar

Loucura repetida

O abismo voltou o abismo voltou
Roda gira em turbilhão
Cores vivas cores mortas
Chupa suga ventania
E anda a volta e anda a volta
As mãos escapam
Agarram parto as unhas
Tanta força tanta força
Não quero não quero
Quero viver, não
Onde estas discernimento
Onde estas calculismo
Não, não quero
Agarrem-me agarrem-me
Mãos suadas escorregam
Agarrem-me agarrem-me

O Fim

Bato forte contra a parede
Estou cego estou cego
Não encontro a porta desta merda
Bato forte contra a parede
Ricochete, caio de costas
Não encontro uma janela
Não encontro um buraco, umas escadas
Salto tento agarrar não dá não consigo
A parede perde-se no meu horizonte
Uma parede branca de vários metros de alto
Uma parede com arame farpado no cimo
Não vejo horizonte não vejo nada além
Só vejo esta muralha fortaleza, fim.

Uma vida...

A Joana é uma menina ruiva cheia de sardas na cara, como muitas das ruivas que nós vemos por ai. Todas as manhas vai ordenhar as cabras para por leite na mesa para o seu pai, um homem grande forte, mas já sem as forças de um jovem, nem a frescura mental para fazer mais senão olhar para o horizonte verdejante, cheio de montes e belos pastos. Todos os dias de manha, Joana acorda e entra na rotina diária ordenha e depois vai levar as cabras a passear nos imensos campos que rodeiam a sua casa, longe de tudo, longe de nada. Dá dois beijos ao seu pai que todos os dias se senta a porta de casa e só de lá sai quando a sua menina chega, enquanto ele, olha durante horas para o céu rabiscando desenhos e saudades nas nuvens que passam por cima, e lhe olham sorrindo.Joana essa, vai correndo falando com as suas amigas, conhece-as como se fossem suas irmãs, as irmãs que nunca teve, as meninas com quem nunca brincou, também ela gosta de olhar para o céu, imaginando as mais infinitas coisas, as mais belas maravilhas que a sua imaginação consegue ver, Joana só conhece o campo, mas gosta, gosta do seu pai, gosta de o abraçar gosta de sentir as suas mãos ásperas a acariciarem-lhe a face, mãos de toda uma vida de trabalho duro no campo, neste pequeno pedaço de paraíso onde existe tudo menos o nada.
Sua mãe faleceu a seis anos quando deu a luz, Joana, o seu pai todos os dias chora triste mas feliz, é a sua menina, é a recordação viva da sua esposa, mulher culta que despendeu de tudo para estar com ele, foi amor a primeira vista, é talvez a única recordação que ele tem, a do dia que foi vender morangos a cidade, e a viu, linda, direita, e de poucas palavras. A partir dai ele arranjou todo e qualquer tipo pretexto para ir a cidade, trabalhava de sol a sol só para ter algo para vender, sendo os queijos o seu maior trunfo. Todos os dias a via, até ao dia que ganhou coragem e deu-lhe uma carta onde tinha rabiscado os seus sentimentos em forma de poema e fugiu, com vergonha, deixando os seu queijos para trás. Quando chegou a casa cheio de vergonha, sentou-se no seu banquinho pensando ele que tinha feito a maior asneira da sua vida, e que agora não teria a coragem para lá voltar, tinha vergonha de a ver, mas tinha que lá ir precisava de vender para ganhar dinheiro. Quando acordou de manha Manuel foi levar o seu rebanho a pastar, e enquanto as passeava, ia-se lembrando do erro que tinha cometido, mas ao mesmo tempo sentia o alívio, estava longe, e desse no que desse pelo menos já o tinha feito. Quando chegou a noite Manuel jantava umas belas migas que ele próprio tinha feito na lareira de sua casa, quando de repente começa a ouvir o galope de cavalos e o chilrear de uma carroça, era ela, linda, bem vestida, frágil, sozinha.Lembra-se tão bem do medo que lhe começou a subir pelas pernas, o tremer o sem jeito, o pensar no que haveria de fazer. Ela chegou-se ao pé de Manuel e sentou-se no seu banquinho e conversaram durante horas debaixo de um céu limpo brilhante. A partir dessa noite ela voltava todos os dias a sua casa, para conversar com Manuel, durante horas e horas.
Ao fim do dia Joana chega, abraça o seu pai com força e ele olhando para o horizonte deixa cair uma lágrima tímida e esboça um sorriso.

Sem tempos

Chegou mais um domingo daqueles
não se faz nada nem nada se quer fazer
É certo que é mais um dia da semana ou menos um para viver
Não deixa de ser ambíguo que cada dia que passa
vivemos desejosos que passe, que corram, antes que cheguem
Acabam por ser mais um ou menos um que nos cansa
É uma dança do tempo, que de tempos a tempos nos derruba
Mas pronto, é mais um domingo que vivo, mas é menos um
Mais um dia soalheiro, já não chove, hoje não, talvez no próximo
se chegar amanha talvez não chova e passe devagar.

Gosto

Gosto da iluminação de uma fogueira
Gosto do estalar da madeira queimada
Gosto do cheiro do fumo do quente
Gosto de ler sentado ao lado do fogo
Gosto do roxo do meu copo
Gosto de beber vinho como se fosse vida
Gosto de velas acesas e do incenso
Gosto do conforto do silêncio
Gosto do ambiente que luto para ter
Gosto da vida como é, vazia
Gosto de encher a vida como quero
Gosto do gosto de gostar do gosto

Crude

Parece crude espalhado pelas escadas
Apressadas as velhas correm em atropelos
Rangendo os dentes partidos amarelos
Elas vêem a pressa com canastras de raiva
arrastam-se malditas, fedorentas velhas
pele estalada queimada de cancro mortal
arrojadas as velhas sobem cada degrau até mim
e eu, cá do alto de calças arregaçadas
olho corajoso não temo, não temo.

Já sei quem és

Hoje descobri quem me causava as erecções que tenho tido durante a semana, todos os dias acordo assim e tento desvendar quem esta por trás da cortina de seda branca. Tudo o que via era sombra perfeita de uma mulher, mas quem era, não sabia. Hoje descobri quem tu és e gostei de o saber acordei molhado, não de mais um sonho igual aos outros, mas sim porque estava ao meu lado. Fiquei a olhar para as tuas costas, contando cada pequeno sinal que pareciam brotar da tua pele leitosa, contei mais de vinte. Acariciei-te a curva que fazias das pernas ao pescoço onde terminei com um beijo, mas não sabia quem eras. Preferi na altura não saber, tentando vasculhar na minha memória embriagada o que se tinha sucedido para me tentar lembrar do teu rosto, mas não o consegui, nem tão pouco me importei. Preferi estar assim sem saber. Passei te com os dedos nos cabelos sentido cada madeixa a passar me por entre os dedos, soltaste uma palavra e viraste-te.Já sei quem és.

Cólera

Lençóis amarelos
cagados fatélos
imundos castrados
espirrados de dor
Morte que espreita
onde o medo de deita
a faca não corta
derrame pavor
Quem estraga castiga
suor sistemático
um fígado hepático
podridão sem cor
Não anda desanda
útero esmagado
cólera á solta

Arranca arranca tudo
arranca a mágoa das palavras
que escapam como sedimentos
de um enigma dissolvido em pó
Arranca arranca me a alma
deitada num leito esporrado
sémen morte irreal
Engole derrete espirra o ranho
Melaço peganhento

A árvore

O mundo parece estar a rachar
são as velhas raízes de uma árvore
morta,queimada
Elas continuam a crescer
esburacando cada milímetro de solo
em busca do coração da terra
E o mundo sofre
está frio de cuidado e o sol morre
lentamente,carente,negro
Mas há vida em quem não merece
as raízes,que continuam a espalhar-se
a partir cada pedaço de vida a rachar
cada vestígio, cada gota, de ganancia.

O dia hoje foi perfeito

O dia hoje foi perfeito, foi triste
A chuva caia constantemente como se o próprio céu chora-se
Uma tarde de luto, de dor e de amizade
Estava muita gente, todos em sintonia, a dar força uns, aos outros
Foi uma tarde perfeita de chuva, perfeita, parecia propositada
As pedras levantavam-se do chão como plantas em busca do sol
Brilhavam molhadas como se seus donos estivessem a ver
E a recordar, os seus entes já choraram assim
Nunca mais o veremos na sua calma e boa fala
Simpático, cordial, culto, amigo e pai.

O dia hoje foi perfeito, foi triste
Lembrei-me tanto de ti, foi ali que te vi pela última vez
Beijei-te na testa e deixei que te levassem, para sempre
Estive constantemente a olhar a minha volta
A tentar recordar-me qual era a tua casa
Mas acima de tudo a espera de te ver
Em espírito, a dizer adeus.

Conto irreal

Tudo aponta para que ele mais cedo ou mais tarde fale com ela, sente-se no ar um certo nervosismo, um calafrio que trespassa a espinha. O António é uma pessoa triste, sozinha mas apaixonado pela vida e pelos prazeres que esta lhe propõe. Ele adora passear, por vezes vai de mão dada com Maria. Davam beijos e trocavam abraços debaixo de um choupal junto a um lago Que havia no parque da Paz, lá havia paz, lá António esquecia-se que não estava sozinho tinha a sua mais que tudo, a linda Maria.
Nessa tarde António agarrou na mão de Maria deu-lhe um beijo entre os dedos e disse:
-Temo que estou a ficar insano, tu não existes e contudo estou tão apaixonado por ti.
Maria olhou para ele, com uns olhos que espelhavam pena por António.
-Sim António sou apenas o teu desejo, sou o que procuras fruto da tua imaginação, sou todo o amor que tens para dar, nós somos o mesmo.
António estava incrédulo pois não acreditava que os seus pensamentos e anseios fossem capazes de criar algo tão real e belo.

Emília e Galileu

Luz da lua prateada entrava pela janela do quarto de Emília, pintando um quadro triste de dor, e angústia. Galileu estava a morrer, o seu melhor amigo e confidente que ajudara a crescer, e que cresceu, com ele também.Emília chorava a beira da sua cama com os seus cabelos pretos, tão pretos que reflectiam o azul-escuro da noite e se colavam a sua face branca, lavada de lágrimas, trazendo a memória lembranças do primeiro dia em que o viu, recém nascido, sozinho, ao frio. Recordava também todas as brincadeiras e travessuras, carinhos e raspanetes que durante pouco mais de quatorze anos lhe deram alegria e tranquilidade, pois sabia que era o seu amigo e o mais fiel de todos, o único com quem era sempre certo contar.
Galileu amava Emília, por vezes iam os dois para a janela olhar para as estrelas, e ele ouvia Emília a contar as suas histórias de namoricos, e malandrices e toda a espécie de assuntos que ela lhe gostava de contar. Ele olhava para ela com os seus enormes olhos verdes atento a cada movimento a cada palavra. Galileu era tão feliz ao lado da sua Emília e ela era tão feliz ao lado do Galileu, viviam no seu próprio mundo, ele sabia todos os segredos dela, e ela, amava-o.
-Oh meu Galileu,vou sentir tanto a tua falta.
Naquele momento Galileu olha fixamente nos olhos de Emília como se lhe dissesse adeus e lança o seu último suspiro,Emília agarra-o com força como se estivesse a impedir que ele parti-se mas ele partiu,para sempre.E Emília chorou,chorou tanto.
-Oh,meu galileu,adeus meu querido gato.

O Amor e a Dor não são exclusivos do Homem

Força Emília

Apontamento

Arca velha fedorenta
Madeira podre que a sustem
Alma rota viva acaba
Julga gente e ninguém

Passa o passo que desenrola
Inspira corta sustem
corta a pagina que não diz nada
Espera que diga, mas a quem

Cega cego cala o mudo
Mudo áspero vida cai
Travessa bicho
Em pó se torna
Vida foge
E a chama vai

Quando uma mulher chora

Quando uma mulher chora
soltam-se pérolas que percorrem o seu rosto
rolando na sua pele, face perfeita
poesia que não tem fim um quadro de aguarelas
Quando uma mulher chora
abrem-se portas, fecham-se janelas
quando a lágrima beija os seus lábios
que salgadas, galopam pelo seu pescoço
Quando uma mulher chora
cada lágrima é um canto de ternura
que percorre o seu corpo arrepiado
e lhe chega ao coração
Quando uma mulher chora
As palavras são poucas
E deixam de ser reais.

Hoje apetece-me falar de mim

Hoje apetece-me falar de mim
Não que não o faça constantemente
Mas agora apetece-me mesmo escrever sobre mim
Dizer como sou,
Sendo eu a pessoa mais importante do mundo
Tenho a necessidade de ter súbditos e leais seguidores
Gente que não percebe
Porque eu sou o mais inteligente,vulgo,esperto
Olho de cima para baixo…sempre.
Sou importante, sou bom nas mais diversas facetas do dia-a-dia
E tenho orgulho em ser assim tão bom
Se eu não fosse assim tão bom, gostava de ser assim...tão bom
Quando caio levanto-me e digo que é assim que deve ser
É óbvio que é raro cair, mas sim, também caio
Afinal sou humano como os outros
sou é simplesmente melhor.
Não me interessa mais nada
porque afinal,sou o eixo do planeta.

Pântano

Assim voa a areia em pequenas espirais
espalhando um pouco por todo o lado suas sementes
fazendo crescer graus fechados oblíquos tornados
espasmos golfadas de memorias, isso não existe?
Branda aos céus de mãos abertas e grita agonizado
como se preso estivesse ás raízes que compõem o pântano
a água está suja e esconde os mais diversos perigos
sublime névoa fria existência que padece de aconchego
levanta as mãos ergue-as não fales não peças
mergulha sim de olhos fechados com medo de os abrir
mas não abras deixa te levar na espiral
os grãos de areias escapam por entre os dedos
levanta as mãos ergue-as não fales

Ácido

Ácido ácido ácido
derreto em brando lume caldeirada confusa
de cores tingidas de negro
desbotada loucura e auto delinquência
que sobe em escadarias encaracoladas
que não vão dar a lado nenhum.
Nenhum homem é preso ao que se diz
nenhum homem é uma esfera limada
castrada vontade, angustia, verdade
derretem faces derretem mãos
fluem,escoam pelas sarjetas
de uma cidade apagada de calor
acesas de falsos pretextos e ousada influencia
Ousada?lavada de sujo que limpa e destrói
a construçao do ser de cada um
que é o que deseja ser,se ser o é
não sou,e apago a luz que é vida
constante que morre mas deixa
morre pois fecha os olhos
não,não há costumes nem hábitos
simplesmente vontades
que crispam na fogueira, uma chama
um pensamento,um olhar para o futuro.
Ácido ácido ácido
Eu me lavo e levo, elevo, caio, levanto, deito
acordo, durmo, um soco na esfera.

Chave

Isto custa-me,pesam-me os dedos, pesa-me a consciência, que fardo, se isto ao menos passasse com os litros de moscatel que bebo todas as noites,mas não passa.Ou então passa muito rápido,não sei,parece que estou a espera de um comboio,sim,de um comboio.Parece que estou na plataforma da estação num dia de chuva e vento e eu a beirinha da mesma, olhando para um lado,olhando para o outro a agarrar o boné como se tivesse medo que o vento o levasse e com ele todo o raciocino lógico e frio que parece marcar aquilo que sou,ou que aparento ser.A foda é que com tantas cambalhotas assumi um papel ,que me custa a largar,está assumido sou assim e gosto,mas não, não gosto assim tanto,mas não consigo voltar para trás.Sinto as vezes que sou uma caixinha que só se abre por dentro,quem esta de fora não consegue entrar,as vezes lá forçam e conseguem abrir uma pequena ranhura,espreita e conseguem ver algo,não tudo.Forçar a caixinha é sempre a maneira mais lógica de abrir algo ao qual não se tem acesso directo,mas o pior é que o que está dentro da caixinha reage de uma maneira diferente.Como abrir a caixinha?Não sei mas deduzo que haja uma solução que não seja o forçar,talvez uma palavra mágica do tipo abracadabra porra,ou uma chave mestra, uma sopa de letras,não sei.Eu tenho a chave,mas não gosto que forcem a caixa.Talvez um dia entregue a chave a alguém ou simplesmente a atire para o chão,chateado porque entretanto a fechadura com o tempo enferrujou e nem eu a consigo abrir.Estou fodido.É um turbilhão de lixo e pedaços de natureza morta que o compõem e que formam.Ah merda,que se foda a puta da chave e da merda da caixinha.

Decapante

Está tudo em pequenos cacos
Olho para eles com relutância
Nem sei por começar não consigo juntar isto tudo
São todos iguais, mesmo que os consiga colar
Um a um estou certo que ficara disforme
Com pequenas fendas e buraquinhos
Que merda.
Eu gosto de laranja com chocolate
Há quem prefira banana, caralho,
Cona? Foda-se.Fondue?
Não quero saber disso para nada
Os bancos eram azuis com pés vermelhos, porque?
Ah. Talvez já saiba, ou não, acredito que sim, talvez.
Que dor de cabeça, merda para o whisky.
Vou mas é varrer isto.

Caos

A minha cabeça parece de vidro
mas de fragilidade tal
que qualquer grão de areia o pode partir.
Embriagada,sem sentido,sem rumo
gritar,rugir,fugir
dormência, insistência, caos

Diário-Atracção VI

Ao subir as escadas para o quarto não resisti aquela mini-saia, puxei-a ate mim levantei-a para a minha cintura e fui-lhe lambendo os seios a medida que íamos andando, não aguentava de desejo”é aqui, espera” disse me ela descendo. Mal abriu a porta agarrei-a novamente e atirei-a para a cama como se fosse um boneco, pensei que tinha sido muito bruto, mas não ela riu-se,”és um bruto”disse olhando para mim lambendo-se toda, foda-se que tesão.Fui-me aproximando dela enquanto ela tirava os collants, estas fodida…
Estivemos a noite toda a bombar, mais do que a noite passada, e muito mais intensamente, adorava quando ela me chamava nomes em resposta as chapadas que lhe dava no rabo, que cu, que rigidez, cada chapa que dava ela gritava de prazer e pedia,”mais cabrão mais”, eu chamava-lhe vaca e puta e cabra e todos os nomes que me lembrava do meu dicionário de calão, é assim que eu gosto intenso, bruto, e felizmente ela também, que sintonia, que perfeição. Estivemos horas nisto, eu não me vinha não conseguia e desfrutava o prazer com o a vontade de quem está á vontade de não precisar de pensar nisso, devorei cada parte do seu corpo jovem e suado, dava-lhe trincas nos mamilos com suavidade, estava doida, eu também. Volta e meia tínhamos que parar sentíamos o coração a sair da caixa toraxica e uma dor de burro insuportável deitávamo-nos abraçados a ofegar descontroladamente e beijávamo-nos carinhosamente. Esta miúda é linda. Passados uns 10 minutos voltávamos a carga, como se fosse uma obrigação, para mim era quase, era aproveitar o pedaço antes que fugisse.Vim-me foda-se adormecemos.
Acordei de manha com um beijo no pescoço sentia a sua língua a percorrer me a barriga ate chegar a pila, estou cansado exausto, ela beijou-me o membro e voltou a subir até ir parar a minha boca,”Bom dia”não resisti em dar-lhe um abraço e voltamos a adormecer.
Acordamos ao mesmo tempo, olhei para ela e sorri, ela abraçou-me, beijou-me, pôs se em cima de mim e começou a roçar-se e voltamos a foder, apenas por foder mais nada, apenas para voltar a ter o gostinho de nos sentirmos um ao outro outra vez.Vestimo-nos e fomos almoçar de mãos dadas, e com uns sorrisos lindos, estávamos satisfeitos tinha sido uma noite memorável, riamos, gozávamos com algumas figuras da cidade que ela conhecia dávamos beijos e abraços, apenas na cumplicidade de termos passado a noite juntos mais nada.

Diário-Atracção V

Acordei por volta das 13h,com o chamado pau feito e o telemóvel a tocar, foda-se que noite, ainda esta a sentir aquelas mordidelas suaves na cabeça da piça, foda-se que tesão. Esta miúda acabou por me sair bem mais do que estava a espera, assim vale a pena.
Era ela. Queria ir jantar fora comigo. Tivemos 15 minutos ao telefone sempre a falar da noite, eu continuei de pau feito, quando desligamos tive que ir bater uma, e que bem que soube, que alivio.Vesti-me e fui levar o cão a rua sempre a pensar em cada momento, em cada estocada, cada gemido e cada movimento daquele corpinho tão teso mas tão flexível. Aquelas mamas, o rabo a xoxa, tudo, cada posição o cachecol do Benfica, as dentadas e as arranhadelas, foi mesmo muito bom,foda-se.
Fomos jantar a Setúbal, ela veio me buscar, demos um beijo cheio de carinho e malícia. Antes mesmo de chegarmos a Setúbal ela parou o carro em Palmela ao pé da estação dos comboios.Agarramo-nos e fodemos.Levantei-lhe a mini-saia, desci os collants, puxei-a para o meu lado e de frente para o vidro penetrei-a por trás, foi rápido, ela veio-se…eu não. A punheta da tarde tinha me esvaziado por completo acho que podia ficar ali horas, que nada, e se continuar assim a noite promete.
O jantar foi muito bom, tivemos uma três horas a conversar sobre a vida, volta e meia ela passava com pé pela minhas pernas, e eu por baixo da mesa agarrava num dos dedos e massajava, dos dedos para o pé.Comecei a ficar excitado e com uma vontade que me apertava o estômago, a culpa era da Casal Garcia, bebemos 2 litros, nada mau, ela estava quentinha eu também, já nos riamos aparvalhadamente,ela, vermelhíssima, cheia de desejo, começou-me a olhar com uns olhos matadores, levantou-se e sentou-se ao meu lado, e beijou-me,e com a mão começou a massajar-me a pila.
Eu só olhava para os lados para ver se alguém estava a topar, felizmente o restaurante estava quase as moscas.Estava-lhe com uma fome só tinha vontade, de come-la já ali em cima da mesa, foda-se.Pedimos a conta paguei eu, fiquei liso, Foda-se.Tive que sair do restaurante com o casaco no antebraço a tapar o inchaço que tinha nas calças,que cabra. Fomos desde a porta do restaurante ao carro a beijarmo-nos cheios de desejo, cheios de tusa, sempre agarrados,quase que caía-mos, nem olhávamos para a frente, as pessoas que passavam por nós deviam estar mesmo a pensar que estes gajos vão-se foder para azeite. Eu pensava o mesmo se estivesse no lugar deles, mas felizmente eu era o privilegiado, e ia mesmo devora-la,toda,todinha estava-me a sentir um animal.
Já no carro rimos das parvoíces e daqueles jogos no restaurante,”tenho duas surpresas para ti”Ui! Pensei”abre lá a minha mala”abri a mala e ri-me, uma caixinha de 24 preservativos e ri-me outra vez”pois é,é que ontem só tinhas 4”senti um arrepio e comecei a pensar bem, melhor que isto só a Soraia Chaves passar por aqui e toma lá,”e então qual é a segunda”perguntei cheiíssimo de curiosidade”essa, é ali”ela parou o carro beijamo-nos e quando sai, olhei a minha volta e logo de seguida para o chão para ver se encontrava os meus tomates a rebolar. Uma Pensão.

Diário-Atracção IV

Entrei no carro, ela estava estonteante mente maravilhosa o ambiente lá dentro era ela, maravilhosa.Estava vestida com um daqueles tops que são só uma faixa que deixam a barriga de fora e não tem alças preto, e umas calças de tipo Lycra pretas também, usava cabelo solto, e os olhos tinham um suave contorno que lhe dava um ar felino. Eu sentia-me um leão e estava desejoso de lhe abocanhar o pescoço, sim abocanhar não beijar, agarrei-lhe no pescoço e dei-lhe um beijo, o que é isto fodasse.”Hoje vou te levar a um sitio que conheço estou desejosa de te comer”fodasse, pensei ai o caralho esta gaja está passada, não dava nada por ela mas afinal. Bem se é assim que ela quer assim o vai ter, e lá fomos, enquanto ela conduzia eu ia-lhe beliscando os mamilos que já estavam super erectos aquele top era o máximo era só baixar e voillá, lá ficava ela com um dos seios de fora, lindos lindos, é a juventude pois é.
Passados ai uns quinze minutos chegamos ao destino, bom sitio escuro no meio do nada campo só campo, estacionou por debaixo de uma árvore que não sei era um sobreiro ou um carvalho, era uma merda qualquer, saí de imediato do carro fui até ao lado dela puxei-a para fora baixei-lhe o top e lambi-lhe avidamente as mamas de encontro o carro, “fodasse estas me a por louco, sinto me um selvagem quando estou ao pé de ti” disse-lhe eu ao ouvido enquanto as minhas mãos lhe agarravam o rabo e a puxava para mim, ela não se fez rogada e agarrou me na pila e esfregou-a “pois nota-se”e soltou um risinho maléfico.Não conseguia mais tirei-lhe as calças agarrei-a em peso até conseguir colocá-la nos meus ombros e lambia-a, lambia-a como se não houvesse amanha, e ela passou-se e eu também “que bom”dizia ela, estava excitadíssima e eu estava com a ferramenta quase a explodir. A maluquice era tanta que começou a arranhar me a cabeça, e a gritar, até que comecei a pensar, e se passasse aqui alguém? Desci-a agarrou me no sexo e disse “vamos lá para dentro, anda”.Mal entramos ela despiu me a calças e abocanhou-me a pila, fodasse estava mesmo a precisar disto, pensei, enquanto ela chupava eu ia-lhe acariciando o clítoris com o dedo até que o puxei até a minha boca ávida de sentir aquele calor aquele molho. Que bom, lambia primeiro de baixo para cima e fui enterrando a língua devagar, e ela chupava com mais força, o que me levava a enlouquecer e a lamber-lhe mais de força, lembrei me da camisinha e fodasse como custa mas tem de ser, voltei a virá-la e beijei”tenho que por a merda do preservativo”disse lhe baixinho,”eu ajudo-te”.
Descobri algumas coisas sobre ela uma delas é que era do Benfica, pois usei o cachecol que ela tinha como rédea, sim como rédea, estava a penetra-la por trás no banco traseiro e quando olhei para a chapeleira lá estava o dito cujo, soltei uma gargalhada e em género de rédea tapei-lhe a boca e com as pontas puxava-a para mim, foi engraçado, foi tão engraçado que me vim. A mulher era maravilhosa que cu a visão vista de trás era tão boa e o prazer tanto que não aguentei, ela também não se fez rogada e chupou-o outra vez enquanto eu procurava outra camisinha, isto era tão mais fácil se não houvesse doenças.A mulher gritava histérica quando cavalgava em cima de mim e eu sempre com o dedinho maroto a penetrar-lhe o ânus,fodasse que bom.Só é pena a minha falta de experiência em carros mas mesmo assim...
Estivemos a foder durante não sei quanto tempo sei que me encontrei com ela as 22h e cheguei a casa as 03H,e gastei três preservativos mas o ultimo não contou, claro que não tivemos este tempo todo a foder, ainda tivemos algum tempo a conversar. Fui tomar um grande banho todo eu cheirava a sexo, a ela, a preservativo, um cheiro que me estonteava.Fodasse, que foda estava mesmo a precisar disto,tenho que repetir.

Diário-Atracção III

Epá, não acredito, a miúda tem o meu numero, como é possível?Abri a caixa de mensagens e lá estava uma mensagem com a assinatura dela, quer-se encontrar comigo e que sabe onde moro.Fodasse to lixado, o que vou fazer? Existe uma parte que diz para não responder, mas há outra que quer (adivinhem qual), o que faço, por um lado não quero magoar mais uma pessoa mas por outro estou me completamente a cagar e quero mesmo é saltar-lhe para cima, fónix o que faço? Vou, não vou. Ah que se lixe vou-lhe enviar uma mensagem do tipo”olá claro que me podes vir buscar, também gostei muito daquele momento, ainda tenho o teu cheiro na minhas narinas. Quero te comer toda",se calhar estou a ser bruto, não? Que se lixe também já entendi que ela gosta assim, e eu também. Aliás é mesmo isto que quero, come-la, "estarei lá a essa hora beijos".Até me arrepio só de pensar que vou me agarrar aquela tranca e aqueles seios.Merda! Tenho que sair, vou comprar preservativos, depois digo como foi…ou não.

Diário-Atraccão II

Bem a mulher vinha decidida até me arrepiei a pensar no que ela queria, mas mal se foi aproximando os seus passos foram-se tornando mais lentos e mal me olhou nos olhos quando se aproximou de mim.Perguntei-lhe o que se passava, e ela respondeu-me envergonhada que precisava de falar comigo. Comecei logo a bater mal e pedi-lhe que falasse, mas disse que não conseguia virou me as costas e começou a afastar-se nessa altura começaram-me a aparecer uns calores uns arrepios não me contive e chamei-a.Pedi-lhe para irmos a rua, ela aceitou, estava vermelhíssima e eu também devia estar de certeza. Levei a para o sitio onde costumo ir fumar e estar sozinho a escrever, longe de olhares, bem recatado portanto.Agarrei-lhe nos ombros e pedi-lhe para me dizer o que queria dizer, nesse momento ela aproximou-se e espetou me um grande beijo, meio tímido mas molhado, fiquei sem fala, e a minha cabeça começou a andar a roda, senti-lhe um desejo e não resisti.Agarrei-lhe no rabo-de-cavalo com força e encostei-a brutamente contra a parede e beijámo-nos sofregamente enquanto a minha mão direita lhe ia percorrendo o exterior da coxa, lentamente mas com força, até chegar aquelas nádegas firmes e redondas, senti tanto excitamento que me encostei ainda mais quase a devorá-la ao que ela me respondeu roçando-se no meu sexo que já pulsava de desejo. Tirei a mão do rabo-de-cavalo e agarrei a outra nádega e ela roçava-se ainda mais e começou a largar breves suspiros e gemidos de gozo, e eu cada vez mais doido, quando de repente ouvimos um barulho a aproximar-se e foi cada um para o seu lado meio atrapalhados, eu pela porta de emergência, ainda quente, excitado e nervoso com o coração a bater a 200 km/h, e ela pela porta principal, no mesmo estado que eu de certeza. E já não a vi mais, também não quero, passei o dia a pensar nisto, não sei até quero mas não a quero magoar pois só quero mesmo saltar-lhe para cima, e a miúda parece querer ir mais longe, ainda por cima deve ter ai uns 25 anos ou menos que isto a juventude está muito desenvolvida para a idade, não sei, sei que acabou a universidade há já uns dois anos.Epá não sei, estou confuso, sensível, e claro com o desejo a flor da pele. Ainda bem que já não a vejo mais, chegou o fim-de-semana.
Recebi uma mensagem no telemóvel…

Diário-Atraccão I

Esta gaja parece que faz de propósito, e se calhar ate faz, e penso que sim.
O certo é que todas as manhas de há umas semanas para cá, ela passa por mim procurando sempre os meus olhos, parece que procura algo, volta e meia quando passa por mim e diz me bom dia sempre com um olhar atrapalhado e um sorriso rasgado de orelha a orelha.
Eu, o Durão, apenas olho de relance e esboço um sorriso meio cínico, forçado.A miúda até é boa e gira, tem uma silhueta invejável, um grande rabo, uns belos seios e quando anda de rabo-de-cavalo, Jesus.Das mil e uma vezes que passa por mim faço sempre o mesmo, viro-me para lhe sentir o rasto, o perfume, o cheiro. Adoro sentir o cheiro de uma mulher, lavada claro, com ou sem perfume, não sei, é uma tara mas gosto mesmo de sentir o que é emanado pelos poros de uma mulher, atrai me e as vezes enlouquece-me,esta geralmente até se perfuma, e eu gosto, já notei pelo menos uns três perfumes diferentes, ela repete-os.
Não há dia que ela não passe por mim, mas ontem foi diferente, ficou ali parada ao pé de mim a olhar para umas coisas a tirar uns apontamentos durante uns minutos, poucos, e eu perguntei-lhe se precisava de ajuda em algo, ao que ela respondeu que sim e expressou o que se tratava, olhei para ela, ela olhou para mim e rimos que nem uns tontos tal era a barbaridade do seu pedido pediu ajuda sem precisar e sem saber, tinha inventado um pretexto para estar ali.Parecíamos dois parvinhos. Foi a primeira vez que comunicamos a sério, a rir é verdade, mas á vontade. Notei logo naquela cara a alegria por estar ali comigo a rir, os olhos esbugalhados cheios de intenção cara super corada, sempre que penso nisto solto sempre uma breve gargalhada. Admito a miúda até mexe comigo, pudera aquele corpinho deve saber a mel, mas pouco mais, não faz o meu género, e também só mexe até onde quero e eu até sei onde queria que ela mexesse,mas enfim adiante.
Hoje mal a vi notei que algo se passava,reparei em duas coisas, a primeira é que estava especialmente boa, calcinhas super justas pretas de tecido, salto alto, bem alto, que lhe empinavam aquele rabo maravilhoso, é que aquele cu já por si é fantástico, arrebitado, e parece-me bastante rijo, a segunda é que notei que ela devia querer voltar a falar comigo mas devia estar com vergonha ou algo as vezes parecia que se escondia, estava inquieta, olhava depois fingia que não estava a olhar, estava nervosa e estava a por me a mim nervoso também.
Ui.Aí vem ela……

Cortinas

Cada casa é um caso
cada caso uma teima
cada passo mal calculado
é mais agua que se deita
o suspiro é longo é forte
abana as cortinas,parece vento
mas o vento que teima
não a quer não a deita
cada estrada é um caminho
cada caminho tem saída
cada saída é um abuso
sola rota calça suja
abre fendas na terra
incuto febre, o desejo, peganhento
salubre,salutar espanco-me
arranhas-me ateias-me fogo.

Contos I

Estou cheio de pressa tenho que partir para Paris as 13H,o avião não espera. Ainda consegui parar num tasco aqui ao pé de casa para beber um café, mas porra que o café está a escaldar-Oh merda quanto mais depressa mais devagar.
Lá bebi o meu café e fui a correr apanhar o comboio para o Barreiro, foi mesmo a tempo, fui eu a chegar e quase, quase a sair. Sentei me a olhar para a janela a ver a evolução dos tempos ainda me lembro quando isto era só campo com vacas a pastar e tudo. Reparei no reflexo do vidro que uma senhora vestida de branco entrara e sentara-se na fila de bancos ao lado da minha, claro que como bom antipático que sou não desviei a cabeça, a senhora começou a chorar. Olha olha o que está aqui armado. Continuei na minha, mas cada estação que parávamos ela gritava mais alto, e eu continuava a olhar para a janela, nem quis saber, nunca quero. O mais estranho é que com tanta gritaria ninguém a foi consolar Ai a merda.Foi então que resolvi ter um toque de cinismo e virei me para saber afinal o que se passava, mas realmente não estava interessado, o barulho incomodava-me.
Era uma senhora bem-parecida mas carregava um grande fardo as costas, sua filha tinha morrido, colhida por um comboio, não fazia ainda oito dias, e cada vez que a senhora se metia na carruagem onde a vira morrer, ouvia a voz da sua querida filha, chama-la lavada em lágrimas – Mãe, oh mãe ajuda me.
Até tremi o meu cinismo deu lugar a pena, levantei me prontamente para ir a minha mala buscar uns lenços de papel-Onde andam os lenços que merda ah cá estão. Virei me novamente para senhora e ela desaparecera-Bem onde se meteu? Procurei-a pelo comboio e nada, perguntei as pessoas e nada, ninguém tinha visto tal mulher-Bem isto é estranho.Pensei.Voltei me a a sentar no meu lugar e quando olhei para a janela lá estava ela agarrada a uma menina a dizer me adeus...e chorei.

Pânico

Não não
Assustado corro
Não acredito não não
Quem vem lá
Quem me persegue não vejo
Não oiço
Quem vem ai
Não sei não sei tenho medo
Não olho para trás, não quero olhar
Tenho medo
Quem vem ai
Bate bate bate forte
Tenho medo
Grito

Obliquo

Raios, merda, que me cai merda em cima
Sinto a cabeça a andar a roda e caio, no estrume
Que sinto, que cheiro, e grito afónico
Cago nisto e ando em frente a correr apressado
Um pouco isolado a olhar para o céu.
Ah vida, que me cagas em cima e enterras ate baixo
Foda-se não há alívio que dure e voa contente
Sou um cadáver meloso rancoroso triste que se arrasta
Merda merda onde estás maldita
Procuro vasculho atiro me para o chão….e morro


Vou voando por entre nuvens almofadas e bolas de sabão
São cores é vida é verde é brilho é luz é tudo do nada o nada é tudo
E salto limoeiros canteiros anseios que vem e vão
Que vem e vão que vem e vão
…Que vão, e não vêem

Eu estarei aqui

Dia após dia, perdes o brilho, aquele sorriso tão lindo
Aquele rosto sincero, corado bonito, pequeno.
O teu olhar está vazio sem vida,
mas la no fundo tem um brilho, uma chama
ténue, mas está lá, e quer, e chama, e dói.
Andas perdida, a procura de algo, a solidão destrói
tu destróis-te pois foges constantemente da realidade
tu queres mas não encontras.
Esse vazio também eu sinto e gosto, mas dói,não serve.
Falta algo, precisas de ajuda, eu agarro-te e dou te a mão
Estou aqui se precisares, estou aqui se quiseres chorar
Estou aqui se quiseres um abraço, um beijo, um carinho
Um pouco de calor, de conforto, estou aqui.
Não fujas, não desprezes, olha para a frente
Não olhes para trás, não tenhas medo
Abraça a vida naturalmente, ela é curta, não a encurtes mais
Talvez um dia me dês razão ou não.
Seja como for eu estarei aqui.

Devaneios perigosos I

Entrelaçam-se lindas tranças
debaixo dos meus lençóis
cobertores ganham vida
está frio está frio
está quente, tão bom
fluidos fluidos
saboroso aperta
é bom não pares
eu gosto.
E tu?

Nada.Está morto.

Luzes luzes preciso de luz
A merda do tempo é desgostoso
Chuvoso inquieto inquieta
Deprime oprime prende
Não ri, chora
Merda do tempo
Luzes luzes preciso de luz
Gostoso é o sol, o calor
Carregar o espírito por entre o azul
Sentir o calor, a nudez a alegria
Sorrisos agora, para quê?
Nada, nada, absolutamente nada
Está morto,menos a tristeza e receio.

Talvez alguém

Sinto ânsias que me fazem voar
um aperto que nada me diz
algo que eu já conheço e não quero
sinto a fome, sinto a pena, e a solidão.
Conheço muito bem este sentimento
é algo que tento contornar
é algo que sinto, mas que fecho a porta
coloco correntes e trincos
arranjo as mais variadas formas
para a blindar, para ninguém entrar
sou assim,também tenho medos
também me custa a respirar
quando aparece aquele sentimento
sentimento que não lhe dou nome
porque não quero,não quero saber
Mas se houver quem quiser
terá que provar terá que me tirar
toda a blindagem todas as correntes
porque sozinho, não consigo...não dá.
E já sei que pouca ou mesmo ninguém
O consegue fazer,não quero,talvez um dia
Talvez alguém.

Desencantos IV-Fim

Fim

Chove que se desunha
Chovem cântaros…desilusão
A chuva forma poças
Que se formam em charcos sujos
Deitei e senti apressado.
Um Dois Três
Formas irregulares
Amargas transparências
Punhados de sal
O pó assentou
Um, dois, três

Desencantos III-Noitadas/Chicote

Noitadas

Noitadas,abundância sexual
Suor,calor vontade
Sexo,movimentos contínuos
Vigorosos,força é bom
Devagar também o é,luzes
Álcool,drogas embriagado
Explosões pensamentos insanos
A musica faz dançar,roçar ,vontade.


Chicote

O chicote bate forte
Irritam-me tanto as verdascadas
Doem abrem feridas profundas,que maçada
São inconsequentes
Acabo por fazer mal a mesma.
Sou forte aguento
Aguento cada açoite,doí
Doí tanto que solto uma gargalhada
Lágrimas,que piada.

È Simples…não é.

Venerar rima com amar
Todavia enquanto os dias enublados passam
Os versos moem agonizam
Passam por mim pessoas apressadas
Sem tempo nem mãos
Não dá,não dá.

A química é composta de sentimentos
Não tem equação definida é incógnita
É o que queremos,é simplesmente o que sentimos
É o esforço de achar que vale a pena
Não há medo, não pode haver
Simplesmente é…sente-se.
Há algo que atrai existe algo que chama
Algo que puxa, é um gostar
Ou talvez uma desculpa um receio de assumir
É algo que não se explica
Simplesmente vem,aparece é bom
Não é?Não amo mas gosto,simplesmente isso.
É a velha máxima,se sinto é porque existe.
No fim com tanto medo e duvida,acabamos sozinhos.

Desencantos II -Miúda/O Copo

Miúda

Cruz cruzo a encruzilhada
onde vai não sei
arrisco um risco que sinto
nada vale nada
sucinto aguerrida forma
gosto gosto muito
ar franzino abana me distrai me
pois é assim
olha brilhante crepúsculo
sorriso rasgado quero
gosto,sabe bem



O Copo

O copo cai parte-se
pequenos cacos em que me corto
espirro sangue no lençol branco
-não chupes o dedo.
Mancha infinita na colher
transtorno transformo
salpico a parede que barra
o copo partiu-se
forma perdida forma ganha
sementes cortantes
fazem mal ou fazem bem
não sei não sei
parede cai.

Desencantos I -Tempo/Botão

Tempo

Cada segundo afasta o primeiro
E rodopia devagar dá corda ao vento
O primeiro vem primeiro que o segundo
Pois talvez já esteja cansado de tanto rodar
Roda roda, roda o tempo roda a gente
Que somos tempo também.


Botão

O botão da minha camisa caiu
Descoseu-se a linha levou um esticão
Onde está o meu botão a casa está vazia
Ainda agora morava lá, mas o botão caiu
O botão caiu o botão rolou
Onde está o botão

Que sentido

Pássaro pássaro passarinho
Que de esperanças fazes o teu ninho
Voas em bando e escureces o céu
E dás novo sentido á vida

Pássaro pássaro passarinho
Se algum dia por aqui voltares
Trás no bico algum rosmaninho
Para mais tarde me lembrar

Pássaro pássaro passarinho
Se por acaso pousares no meu dedo
Sinto que sentirei que o sentido
Sentirá que sentido o amor pousará

Rapidinho

Corro
Caio
Fujo
Rebolo
Preguiço
Hesito
Penso
E descanso outra vez
Agarro
Deito
Fora
Fora
Mão
Assusto
O lustro
Da tua linda voz
Nasce
Sol
Quente
Queima
Amo
Caio
Levanto
A voz que chora

E a lágrima caiu

A lágrima caiu para meu grande desgosto
Agarrou vida e tocou salgada nos teus lábios
Sorriste e chamaste-me tontinho

A alegria dessa lágrima me beijou, e gostei
Olha para mim meu amor fazes me tão feliz
Já a soltaste e bem, soltaste-a só para mim
Olha para mim meu amor, deixa me ver os teus olhos
Estão tão lindos meu amor, nunca me tenha apercebido.

Tenho-a guardado a espera de alguém
E agora que me deixou, sinto me tão infeliz
Mas feliz por tê-la guardado
Guardado só para ti.

Louco, tu

Branco leito que me deito
Contigo é…
Rude estrada
Apoteótica entrada
A luz, tu…
Luz abre, acende
Fogo apaga a água
Tu és…
Dá um trago
Em mim que sou
Somos….
Eleva brando
Amando pois
Agora.

Ao Mar

Vou ao mar lavar as minhas mãos
Bebendo vinho atrás daqueles montes
E o nevoeiro esconde para não esconder
Palavras proibidas e guardadas
Por isso vou lavar as mãos ao mar
Vou lavar ao mar, vou levar
O que o senhor proibiu
Vou ouvir sábios concelhos
De idosos gentis
Grande gente gente áspera
Gente que sabe e que partiu
Vou ao mar lavar pecados
Bocados de mim, restos presos
Ao mar, vou lava-los contigo.

Eles

Marcham botas compassadas
Gastando a já gasta calçada
Não há chuva não há tempo
Matam, comem vozes proibidas
Atrasadas

Fogem sacodem o medo
Descompassadas botas correm
Matam, comem vozes que querem
Guardar em si o grande segredo
A liberdade

Rufam tambores engalanados
Trum trum agarra o menino
Correu fugiu de joelho esfolado
Meu rico menino onde estas
Assustado

Tu nua

Que moça é aquela
Que passou naquela rua
Nua descascada a dançar com um lençol
Ajeitando o cabelo
Despida de preconceitos
Linda extravagante ou sonhadora de bordel.

Desculpem lá meus senhores
Mas tenho que me ir embora
Vou atrás daquela mulher
De andar tão doce em tons de mel
Que grande hino as mulheres
Que graça tosca batida
Solta no ar malmequeres
Que linda moça despida.

Ginga

Senhor Doutor por favor
Que dor é esta
Que trago a meu peito
Tão tristonha, enfadonha
Mas que canta tão bem o fado

Senhor Doutor por favor
Que dor é esta
Que me irrita
É loucura é amor
Pois tem um ar tão amargurado.

Bate e para para e bate
Torce ginga pica e pisa
Rola bate levemente
A luz da lua em chuva quente.
Torce ginga pica e pisa
Bate para para e bate
Que dor tão doce….
Que me encaminha

Esperança

Porem existe uma esperança
Uma luz ao fundo do túnel
Uma alegria de acordar pela manha
Um sorriso por poder respirar fundo
pela manha desejosa
De nos aquecer os sentidos
Singela brisa que nos arrepia.
Sabe tão bem o cheiro
Que por vezes me apetece
Abrir a janela da alma
Ouvir os pássaros a passar
Fugindo bem tresmalhados
Do latido do cão do vizinho
Aflito para ele próprio gozar
Manha calma e solarenga.
Mas mesmo que o sol esteja coberto
Por nuvens do passado
Há sempre que pedir chuva
Seja fina ou graúda
Para lavar o meu rosto
Acordei de novo um dia.

Eu consigo

Se vires algum dia a minha alma gritar
Não fujas pois grita por ti
Se nunca por mim sentires amor
Lembra te que é meu destino não ser amado.

Se de mim nunca vires uma lágrima
Digo te que o meu coração secou
Mas se encostares o ouvido ao meu peito
O sentiras a bater por ti.

Se pensares que algum dia te amarei
Tem calma pois o amor já me fugiu
E agora o receio de o prender
Arrastam o medo de me entregar

Mas eu consigo, eu consigo.

Desejo-te tanto

Desejo-te tanto
Canta o rouxinol da outra margem
Pois sonho contigo todas as noites
Desejo-te tanto
Canta o rouxinol a minha porta
Quando me deito com sonhos molhados

Se soubesses o quanto me custa
Olhar para ti e não me veres
Sentir o que sinto tão grande
Não te percebo desencanto
Mas daria ao mundo a enorme alegria
De te beijar, mais uma vez

Porem teimo em esquecer
Pois trago sempre a lembrança
Que o amor por vezes é infeliz
E que a vida real me passa
Tosca tão desgraçada
Meu amor desejo-te tanto.

Tenho uma lágrima

Tenho uma lágrima que me fala
Todos os dias durante horas
Fico sem jeito quando esta me cala
Pois me castiga dizendo me onde moras.
Mas eu não te ligo nenhuma
Talvez por ser um pouco tímido
Seguro a maldita para não cair
Pois gozas comigo quando a vês

Sei que não fazes por mal
Mas esta lágrima é uma relíquia
Que guardo junto com o meu enxoval
Oh, maldita lágrima que me escapas.

Não me calo

Havia um dia, escrever um livro
Páginas tantas me pesa o destino
E gostava, que ele fosse cantado.
Que cantassem sobre o meu peso
Este pesar que trago a meu lado
Gostava também, que as lágrimas vos caíssem
Gostava que batessem palmas
Para afastar minhas tristezas
O peso dos meus ombros não me cala

Tristeza tanta tormentos nunca acalmados
Pois o amor virou me as costas sem fim
Levado pelo vento do pecado
E como folhas secas o amor cai
Fiquei mais uma vez sozinho
Com esta tristeza, não me calo.

Preciso de paz

Preciso de paz e de sossego
Sinto falta do cantar de uma guitarra
Melancólica, cheia de dedilhados sentidos.
Preciso de uma voz fina e doce
de uma mulher de um eterno amor
Oiço as ondas bater nas rochas
Estrondosas tão ruidosa
Doce ouvido em segredo.

Um Adeus, Libertino

Fui assolado por uma tristeza sem precedentes
Tão grande, tão profunda
Maldita que me roubou a escrita.
Espero que gostem do que escrevi
E que chorem como eu chorei
Cada palavra foi uma lágrima
Cada letra, um pesar, um grito
Que senti, sem ti
Morri…Adeus.

Está estanque

Se a ferida está estanque
Porque escorre tanto sangue
Porque escorre pelas paredes
Tanta dor e sofrimento
Que trazem como quem não vê
Tanto bolor e mal cheirosa paz
Que me foge entre os dedos
São salpicos são salpicos
São tristezas e são mágoas
Cavadas pela enxada cega
Que mau cheiro cadavérico
Ninguém os vê ninguém os ouve
Se a ferida está estanque
Foge a luz escura e dia
Longo, suspiro assolado enrolado
Maltratado dos pés.
A ferida que escorre nas paredes
Que mau cheiro que mau cheiro
Colapso entalado fadiga ou imaginação
Se a ferida está estanque
Porque abro a janela
Sinto o vento sinto a calma
Longa treta malcriada
Coço coço gangreno a alma
Vou me deitar.

Sinto

Há uns dias atrás andava no meio da rua meio perdido em pensamentos, fui dar uma volta para aliviar e pensar naquele sentimento que disseste que sentias, fiquei nas nuvens quando mo disseste.
Olhei para ti, entrei-te nesses teus olhos cor mel que ainda reflectiam a minha cara apaixonada pela tua doce voz a dizer que me amavas também. Nesse momento arrepiei-me como nunca me tinha arrepiado antes, és linda és profunda, não sei mais como descrever.
Meti um cigarro na boca acendi-o enjoei-o, a minha boca ainda estava doce ainda tinha o teu gosto colado nos lábios, e o teu cheiro entranhado em mim que assaltava o coração em cada passo que dava. Continuei a caminhar arrastando as pontas dos meus dedos na parede do castelo, sentindo o frio e áspero da pedra granítica.
Voltei para trás a espera que ainda estivesses lá, mas já não estavas. Perdi me no tempo. Senti a aflição do momento, não te respondi na altura deixei te para pensar, assustada foste te embora pensando que não o sentia, mas sentia, sinto quero-te tanto.
Cai de joelhos olhei para o céu agarrado ao meu casaco cheirando te, beijando te, sentindo te, amando-te, onde foste onde estas, quero falar contigo onde andas? Quis me levantar mas não conseguia, tinha os joelhos magoados e as pernas a tremer o que faço agora? E comecei a chorar.
Olhei do miradouro os barcos a chegarem, os barcos a partirem, a calmaria do rio, o cantar triste e sereno das gaivotas e caminhei para casa, o dia já estava a acabar, senti uma depressão uma tristeza uma falta das palavras que me tinhas dito o erro de te ter deixado sem resposta, caminhei.
Em passo lento bem devagar, fui andando, pensando no erro que cometi, cheguei a casa abri a porta e lá estavas tu, nua, despida de preconceitos, agarrei te com tanta força para mais não fugires, cheirei te toda encostei o meu nariz no teu pescoço,” tas aqui, tas aqui O alivio percorreu me a espinha fazendo levantar os meus cabelos arrepiando a minha pele que gritava pelo teu toque, que alivio,”amo-te tanto”. Fizemos amor durante toda a noite, os nossos corpos suados fundiram-se e gritaram desesperados, pois foi tanto o prazer que tínhamos para dar um ao outro, tanto que parecia não ter fim. Mas no fim já cansados adormecemos agarrados, banhados pelo sol quente que nos veio acalmar.
Já era tarde quando acordei, olhei para ti e tu dormias serenamente e certamente a sonhar comigo pois esboçavas um sorriso e disseste o meu nome. Estavas tão linda, como sempre foste. O rasgo de sol tocava te na face, como se o sol fosses tu, e fazia reflectir no teu queixo, o arranhado da minha barba por fazer. És linda com todas as palavras que existem e que sei dizer.
Este raio de sol é uma esperança, é uma lufada de ar fresco que me apaga memórias antigas e me entrega boas novas e tu….és linda.Tao linda como céu, tão fresca como a água, tão bela, tão serena.
Beijei te na testa dei te os bons dias, e com olhos semi -abertos, olhas te para mim, suspiraste e dissestes-me baixinho”que bom estares aqui”-deste me um beijo como se não me visses a muito, abracei te, e chamas-te me amor. O meu coração bateu descompassado quase a sair do peito estarei acordado ou isto é muito amor para mim?
Levantámo-nos e fomos lanchar ao pé daquele miradouro onde estivemos ontem, tu adoras aquela paisagem e os croissant de morango que a senhora da pastelaria faz, de propósito para ti. És linda meu amor.
Lá fomos abraçados com os dedos entrelaçados sentindo o pulsar cardíaco um do outro, o bater era tão forte que as pessoas passavam e olhavam para nós. Sorrindo, segredando aos ouvidos outras vezes gritando para toda a gente ouvir, enrolámo-nos em pensamentos sem mais nada existir em nosso redor. Os teus cabelos ainda despenteados da noite anterior pareciam o sol com a sua coroa e a tua boca faminta por mim dizia “desejo-te”sentados ao sol fazíamos amor a distancia havia momentos que parecia que gemias como se os gestos fossem pedaços de mim e as palavras levassem os meus lábios a ti.
És todo o desejo, todo o amor, todo o movimento que articulamos, todo o cheiro, tudo. Sinto tanto a tua falta, sinto tanta dor que parece que o meu coração vai parar, e as vezes, espero que pare para ir ter contigo.

Ontem(Jogos de sedução)

Não sei se reparaste,
mas a lua estava grande e amarela,ontem.
Eu próprio só reparei ao chegar a casa
estava linda,como tu tão linda.
Talvez fosse um sinal de bonança
ou simplesmente uma lembrança
que nos foi entregue pelo céu.
Será certamente uma memoria
que guardarei feliz como tantas,ontem.
Parecíamos duas crianças envergonhadas
a rir atrapalhadas sem nada de jeito dizer.
Olhando olhos nos olhos sorrindo nervosos
a espera do abraço que demorou a aparecer
mas quando apareceu veio o tal beijo
que a muito esperávamos,profundo,molhado,foi ontem.
Até as estrelas choraram de alegria
e dançaram embriagadas,assim como nós.
Pois foi,foi numa noite fria tão quente
que derretemos paixão, sim ontem.
O adeus para mim foi um pouco doloroso
pois soube me a pouco,até que vi a lua.

As senhoras

Ai credo
tanta tristeza menino
As tristezas não pagam dividas
uns olhos bonitos como esses
fazem até inveja ao sol.
Ó meu querido menino sorria
as tristezas fazem-no velho
com uma carinha tão linda
mais parece o espelho do céu.
Vamos embora levante-se.

O Abismo

Ao tempo que estou a beira de um abismo
porem protegido por uma barra de ferro
Mas um dia a barra revoltou-se
cansou-se também, de esperar por mim

E este meu impasse trouxe a chuva
e molhada pela agua, ela cedeu
e eu, agora balanço não sei o que faço
já não sei o que sinto.

Não sei o que sinto,não sei que me espera
no fundo do abismo pois não dá para ver
Talvez uma mão que me agarre
e traga do fundo uma nova ilusão.

A barca

Ai,abrupta morte que chegas descalça
que trazes do limbo a justiça mais cega
fé corrompida por uma figura falsa
um Deus que tudo tira pé ante pé

Elogio a loucura pois nasce sozinha
em campos abertos de terra impura
foram regados com sangue que agora definha
campos secos estalados pois o Homem não dura

A morte não voa, não foge, não vê
Pois conduz a barca na escuridão do tempo
as aguas são calmas serenas até
levada apenas pela brisa do vento.


A barca,a barca
a barca lá vem
quem embarca na barca não paga vintém
a barca a barca
a barca do alem
quem embarca nesta barca
deixa cá sempre alguém.

Jogos de seduçao

Aquele dia aproxima-se a passos largos
A medida que o tempo vai passando
sinto o meu coração a bater mais descompassado
apesar de sentir um aperto constante.
Há já duas noites que mal consigo dormir
a pensar como será, o que farei o que faremos
tenho medo de te desiludir, sim tenho medo
receio de deixar escapar a amizade
que temos a tantos, tantos anos.
Os jogos de sedução são perigosos
mas eu gostei, gostei muito
descobrimos sentimentos enrolados em segredos
foi bom, muito bom.
Mas o que sinto, que sinto há tanto
precisa ser aberto,descoberto,tranquilizado
por isso vou lá estar nesse dia quero saber o que é.
Cada vez está mais perto e não consigo esconder
que as minhas pernas tremem cada vez mais
ansioso mas acima de tudo desejoso de estar contigo.