Um vida na teia

Teia de aranha peganhenta agarrada por um fio
fio esse que finda e finta pois afunila faminta fé
torso arrancado despojado enrolado em cinza
de um pé acesso derretido, derretendo, eu.

Vem a fome que fomenta aguaceiro pesado
triste a palma da mão enxovalhada, rugosa
duro e doravante sólido compacto crer
voa alto a mosca tosca que cega zumbindo

Palavras que espalham com o pó seco
tosse convulsa confusa otite rota
em falange vem a centúria de espadas
caindo nas paredes manchas sem nexo

Mendigo mendiga por fome desgarrada vontade
descarrega emoções que voam aos encontrões
a aranha vem sedenta mendigando o pão
enquanto defeca e alimenta os seus parasitas.

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