Louco,raiva e dor

Louco, oh louco
que me trespassas no peito
a lamina lambida pelos cães
eu que de peito aberto
e de punho cerrado te chamei
sem medo sem receio algum
de enfrentar tamanhas mentiras
tamanho egoísmo e hipocrisia
Oh louco raivoso
quem julgas que és quem julgas
tu que me entornaste de sangue
o teu sangue o meu suor a minha dor
a tua raiva confusa
a tua raiva confunde
tu...
que me matas outra vez

Fêmea diabo

Tu és tipo uma febre
que me arrefece e alucina
as tuas pernas são duas colunas
que suportam todo o meu desejo
não mostres mais
que estragas tanto
o teu amor é o meu ciúme
é o febril sexo em longas maratonas

Quem és tu
não sei
saliva ardente
o teu cheiro perfumado
Quem és tu
já sei
fêmea diabo
com o seu corpo endiabrado

Já te matei com gasolina
já te atirei de um precipício
mas é um sonho que persiste
é o amor o ódio e a loucura
por muito que te queira fora da cabeça
existe um mal que sabe tão bem
é um sadismo que tem que ser devorado
uma perdição o teu corpo enfeitiçado

Quem és tu
não sei
saliva ardente
o teu cheiro perfumado
Quem és tu
já sei
fêmea diabo
com o seu corpo endiabrado

Não sim
dá-me forte dá-me fundo dá-me mais
não sim
desejo ardente no teu corpo endiabrado

Silêncio

E eis que me afundo em aguas profundas
de braços estendidos tentando agarrar o sol
mais fundo mais longe
mais perto do profundo
caindo devagar em movimento circular
já não vejo luz
silêncio

A verdadeira derrota

Ganhaste maldito ganhaste
ganhaste por cada dia que passa
por cada vez que me olho ao espelho e nao sou eu
cada dia uma diferença cada dia diferente
Nao sou eu,ja nao sou quem fui.
Ganhaste,sempre foste ganhando
cada dia cada noite cada vez mais frio
cada vez mais deprimente,cada vez mais
cada ruga cada cabelo perdido um historia
ou sem historia pois as vezes nao há
simplesmente mudança simplesmente diferente
Continuas a ganhar e o teu destino
ganhas em cada dor que sinto
em cada ferida reaberta em cada tremor
é o teu destino e tenho pena de ti
de mim nao tanto pois em breve entrarei em demencia
e nao me lembrarei do meu fim.

O templo que o tempo tem

Já la vai algum tempo
que o mascarado tempo
e já não era sem tempo
que o tempo mudasse o tempo
pois dentro daquele templo
o tempo mastiga o tempo
pois o tempo sempre muda o tempo
que avança sem tempo
molhado pelo tempo
que pouco ou muito tempo tem
dentro daquele templo que o tempo tem
não há tempo
nem para amar alguém

Assim me venho

E assim me venho
me venho em lágrimas
que me lavam os olhos
sujos de poeira sujos de mágoa
E assim me venho
me venho por ti
soltando soluços em abraços fugidios
sentido o aperto
um ultimo beijo.
Assim me venho
me vejo tombado
largado abusado na lama deitado
rindo enervado para a tristeza partir
Assim me venho
sozinho sem ti.

Rebenta a luz

Cada estrela de cada terra
cada sulco escondido no mar
rebenta-se a luz,queima-se
a pele rubra suada em paz.
Cada rasgo um buraco no céu
cada livro em cinza transformado
desvanecem se em palavras escritas em sangue
por dedos mortais vivos para sempre
Cada nome de cada coisa
cada sopro vento da vida
a alma trouxesse sem roupa despida
a calma e a paz de nada saber.