Contos I

Estou cheio de pressa tenho que partir para Paris as 13H,o avião não espera. Ainda consegui parar num tasco aqui ao pé de casa para beber um café, mas porra que o café está a escaldar-Oh merda quanto mais depressa mais devagar.
Lá bebi o meu café e fui a correr apanhar o comboio para o Barreiro, foi mesmo a tempo, fui eu a chegar e quase, quase a sair. Sentei me a olhar para a janela a ver a evolução dos tempos ainda me lembro quando isto era só campo com vacas a pastar e tudo. Reparei no reflexo do vidro que uma senhora vestida de branco entrara e sentara-se na fila de bancos ao lado da minha, claro que como bom antipático que sou não desviei a cabeça, a senhora começou a chorar. Olha olha o que está aqui armado. Continuei na minha, mas cada estação que parávamos ela gritava mais alto, e eu continuava a olhar para a janela, nem quis saber, nunca quero. O mais estranho é que com tanta gritaria ninguém a foi consolar Ai a merda.Foi então que resolvi ter um toque de cinismo e virei me para saber afinal o que se passava, mas realmente não estava interessado, o barulho incomodava-me.
Era uma senhora bem-parecida mas carregava um grande fardo as costas, sua filha tinha morrido, colhida por um comboio, não fazia ainda oito dias, e cada vez que a senhora se metia na carruagem onde a vira morrer, ouvia a voz da sua querida filha, chama-la lavada em lágrimas – Mãe, oh mãe ajuda me.
Até tremi o meu cinismo deu lugar a pena, levantei me prontamente para ir a minha mala buscar uns lenços de papel-Onde andam os lenços que merda ah cá estão. Virei me novamente para senhora e ela desaparecera-Bem onde se meteu? Procurei-a pelo comboio e nada, perguntei as pessoas e nada, ninguém tinha visto tal mulher-Bem isto é estranho.Pensei.Voltei me a a sentar no meu lugar e quando olhei para a janela lá estava ela agarrada a uma menina a dizer me adeus...e chorei.

Sem comentários: