Está estanque

Se a ferida está estanque
Porque escorre tanto sangue
Porque escorre pelas paredes
Tanta dor e sofrimento
Que trazem como quem não vê
Tanto bolor e mal cheirosa paz
Que me foge entre os dedos
São salpicos são salpicos
São tristezas e são mágoas
Cavadas pela enxada cega
Que mau cheiro cadavérico
Ninguém os vê ninguém os ouve
Se a ferida está estanque
Foge a luz escura e dia
Longo, suspiro assolado enrolado
Maltratado dos pés.
A ferida que escorre nas paredes
Que mau cheiro que mau cheiro
Colapso entalado fadiga ou imaginação
Se a ferida está estanque
Porque abro a janela
Sinto o vento sinto a calma
Longa treta malcriada
Coço coço gangreno a alma
Vou me deitar.

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