Desencantos II -Miúda/O Copo

Miúda

Cruz cruzo a encruzilhada
onde vai não sei
arrisco um risco que sinto
nada vale nada
sucinto aguerrida forma
gosto gosto muito
ar franzino abana me distrai me
pois é assim
olha brilhante crepúsculo
sorriso rasgado quero
gosto,sabe bem



O Copo

O copo cai parte-se
pequenos cacos em que me corto
espirro sangue no lençol branco
-não chupes o dedo.
Mancha infinita na colher
transtorno transformo
salpico a parede que barra
o copo partiu-se
forma perdida forma ganha
sementes cortantes
fazem mal ou fazem bem
não sei não sei
parede cai.

1 comentário:

BMFB disse...

sim, sim, sim.

que força! que escrita!

sim!

super identificado com esta construção. a tua poesia está madura, pesquisadora, atenta, sucinta e eficaz na atribuição da dúvida por parte de quem lê!

poeta meu amigo poeta!

***** estrelas