Rascunhos II(Um dia assim será)

Hoje a cobra enrolou-se, olhando para as nuvens negras que pairavam sobre aquele teatro assolador. Golpes de espada cintilavam os céus batendo forte contra os escudos amolgados manchados de sangue e saliva, medo.
A chuva começou a cair lavando os corpos empilhados e os membros espalhados que pintavam o chão um pouco por todo lado, buracos crateras vermelhas e castanho claro.
A cobra por lá andava, movendo-se rapidamente mostrando a sua língua sibilante bifurcada alimentando-se dos odores do terror da putrefacção, podridão, agonia a morte aqui veio depressa, sem aviso sobre os homens sedentos de poder. Agora toda a carne todo o excremento é devorado pelos abutres e chacais que se lambuzam com o repasto deixado pelos deuses.
Aqui e ali pequenas chamas se erguem como se o inferno subisse a terra e fosse brotando das catacumbas em ebulição de lava e sangue. A cobra ainda ouve os gritos de desespero dos homens, mas assim o quiseram e agora…é tarde demais.

1 comentário:

Iris Restolho disse...

Odeio cobras.

Mas não é isso o importante. O importante é que tens razão, preocupamos-nos tanto com o poder e com o diabo e o mal, que ignoramos que o mal está dentro de nós e que é meramente uma escolha humana, optar pelo caminho da destruição.