Está tudo seco

A medida que passo por aquela ruela apertada
Vão se fechando as janelas mas de cortinas entreabertas
Os olhos olham, mas não vêem
…e nada faz sentido

A laranjeira onde outrora nos dormíamos morreu
assim como tudo a sua volta
A sua sombra, a erva do canteiro, tudo
…e nada faz sentido

O velhote que se sentava com a sua esposa
No seu banquinho a porta de casa
Morreu, foi se embora o luto pesa
…e nada faz sentido

Havia uma fonte manuelina onde brincávamos
E lavávamos as mãos cheirosas das laranjas
Já não existe, é uma parede com propaganda
…e nada faz sentido

Os anos passam devagar mas a correr
E eu próprio já não sou uma criança
Sou homem feito, já perdi a inocência
…e nada faz sentido


2008

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei...Subscrevo tudo!!! Bjs