E assim a vida de criança, o tempo passa devagar, o nosso passa a correr.Acordamos num dia a pensar que é terça-feira, mas depressa nos apercebemos que já é sexta.
O tempo não custa a passar quando se é pequeno, a não ser que algo bom nos aguarde no dia a seguir, de resto ocupamos o tempo com brincadeiras pautadas pela inocência, uma corrida daquelas quem for o primeiro a chegar é o super-homem ou atirar uma pedra para o lago a fazer peixinho. Não custa, não custa nada.
Chegar a casa de joelhos esfolados corpos suados do jogo da bola esfregar os cabelos as bonecas para irem para a cama limpinhas e bonitas como a minha irmã fazia. E assim ocupamos o nosso tempo entre brincadeiras e pouca escola.
Uma vez a minha mãe deu me um lápis amarelo daqueles com borracha por cima, adorava aqueles lápis,depressa comecei a escrever, no inicio rabiscava coisas atrevidas para as miúdas da minha escola, outras vezes, fazia desenhos que nem o Picasso conseguia melhor, tinham outro significado.
Mas foi com esse lápis que escrevi algo com mais sentido e os meus olhos abriram-se, abriram-se não como se fosse cego mas sim quando notei que gostava de escrever, mais do que roubar laranjas na horta ao pé de casa, mais que jogar a bola, foi nesta altura que comecei a olhar para o céu para as estrelas e ver as figuras que elas faziam, apontava desenhava, estudava. Chegava a acordar as 5 da manha só para ver Vénus a aparecer. Aprendi muito sobre astronomia, geologia e muita poesia levado pelas conversas da minha professora de português que dizia que eu tinha muito jeito para escrever poemas, ficava sempre em primeiro na minha turma. Lia muitos livros de temas diversos sempre a estudar sempre a aprender enchia-os com apontamentos, e quando ia a biblioteca entrega-los a senhora ralhava sempre comigo por estarem todos rabiscados.
Passados alguns anos decidi que queria ser jornalista pois vi na televisão um lápis igual aquele nas mãos de um jornalista televisivo e fiquei boquiaberto e sonhei. Sonhei que estava na guerra a fazer a reportagem vestido de camuflado e aparecer na televisão, sempre com o meu lápis amarelo.
Mas os anos foram passando e eu fui crescendo, deixei a escola e comecei a trabalhar, o tempo, esse começou a correr mais rápido do que eu, bem mais rápido. Não perdi no entanto a curiosidade de menino, continuo a estudar e fazer o que mais gosto.Ainda guardo numa caixa de fósforos já gasta da humidade, uma ponta muito pequenina do meu lápis amarelo. Volta e meia quando me sinto em baixo, abro a caixa,olho para o lápis e escrevo.
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1 comentário:
muito bonito meu amigo!
bom encadeamento, boa estrutura sem dúvida!
não é fácil a prosa, devias apostar escrever um conto ou outro para começar a aquecer esses motores para outros voos.
muito delicado e sensível este texto!
a tua, mas no fundo a história de todos nós!
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